domingo, 28 de março de 2010

Passei o cartão no treco Roubo Automático, digital. Adentrei o terminal e assentei numa dessas poltronas solitárias, sem vizinho, em um ônibus linha direta. Abri o escrito de Nin após uma breve contemplação da chuva que enfim umedecia lá fora. Sinto medo do momento que findará seu escrito. Leio a cada vez mais lentamente, abandonando-a sempre que sou capaz e, num contínuo, permaneço A devorando em pensamento. Queria não iniciar novamente. Afligi-me imaginar que possa se tornar repetição. Não posso me permitir amá-la. Essa coisa de amor! criar zelo, solidariedade e, o pior de tudo, perene previsibilidade. Ah! Seria tão grandioso a manter eterna paixão. Isso é tudo que amamos, a paixão! “Zona Autônoma Temporária” em desmedida morte e devir. A condução está pronta para partir. Abandono a leitura e A observo cair em pingos. Tantos Tantos Tantos e Leves pingos de chuva. Atingimos nosso destino. Uma multidão, do lado de fora do ônibus, aguarda-me com passagem aberta. Estão todos loucos, em devaneios, ao tocar-lhes com meu olhar, para cair de boca no meu pau. Velhas maduras, índias com tetinhas arrebitadas, idoso impotente, crianças sinceras como lâmina afiada, duas bixinhas, assalariadas com a cara feito reboco, um e outro pedreiro, tenente fardado, um par de olhos orientais em conjunto à lábios vermelhos, pintados, donas de casa e madres malhadas. Canibais famintos e desejosos de meu membro que repousa abaixo da visão, recolhido, abrigado. Heliocêntrico, em dias que sou o SOL.

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